Bandido mata guarda municipal na Sacramenta
* Por: Diário do Pará, em 12 de novembro de 2010.
Quarta-feira, 10 de novembro, aproximadamente 23h10. Dois indivíduos anunciam um assalto a um motociclista, na praça São Sebastião, na avenida Senador Lemos, bairro da Sacramenta, em Belém. Outro assaltante, armado, observa a situação a poucos metros. O proprietário da moto aciona o alarme do veículo e grita que está sendo roubado. Os gritos por socorro chamam a atenção de quatro agentes da Guarda Municipal, que estavam lanchando em uma barraca de venda de alimentos na praça. Antes que os guardas esboçassem qualquer reação, o ladrão armado efetua um disparo. A bala atinge o peito do guarda Francisco José Silva do Nascimento, 43 anos.
Nascimento foi socorrido por paramédicos do Corpo de Bombeiros e encaminhado ao Hospital Porto Dias. O guarda faleceu poucos minutos após dar entrada na emergência do hospital.
Após o tiro que vitimou o guarda, os três assaltantes saíram caminhando da praça, em direção à avenida Pedro Álvares Cabral. A ação dos bandidos foi testemunhada por cerca de 20 pessoas.
“O dono da moto deu o alarme, gritou ‘ladrão, ladrão!’. O guarda não fez nem menção de sacar a arma. O ladrão atirou ‘na doida’, poderia ter acertado em qualquer um de nós”, disse um homem que estava em um bar próximo à praça. Do local onde as testemunhas afirmavam que o tiro foi disparado até o local em que o guarda municipal estava, a distância era de aproximadamente 20 metros.
Outra testemunha afirmou que os assaltantes riam ao deixarem o local do crime. “Eles saíram rindo. Teve um que disse ‘não falei que ia dar m...?’”. Francisco Nascimento era guarda havia 18 anos. Em 2007, ele foi baleado ao intervir em um assalto a um motociclista, também na praça São Sebastião. Naquela ocasião, Nascimento foi socorrido pelo mesmo paramédico que o atendeu na noite da última quarta-feira.
Muito abalados, os companheiros de Nascimento registraram o crime na Seccional da Sacramenta, onde ocorrerão as investigações sobre o homicídio. “Nós, que trabalhamos de madrugada, estamos expostos a isso”, lamentava o guarda Edson Wandor.
O assassino do guarda foi descrito por testemunhas como um rapaz negro, de aproximadamente 1,70 m, cabelos curtos, que trajava uma camisa vermelha, do time de futebol Internacional. A Polícia Civil conta com imagens de uma câmera de segurança de uma loja para identificar os criminosos.
HOMENAGENS
O dia de ontem foi dedicado a homenagens à vítima. Todos os amigos da corporação foram até o velório que aconteceu na capela do colégio Salesiano do Trabalho, no bairro da Pedreira. A família foi amparada por eles. Francisco era casado e deixou uma filha pequena e quatro adolescentes. Para o irmão, Fernando Nascimento, o guarda era um homem destemido e companheiro. “Ele era muito querido. A prova disso é que vieram em peso todos os amigos de trabalho nos dar conforto”, disse.
Segundo Helen Margarete, comandante da guarda municipal, Francisco Nascimento foi o 11º guarda a perder a vida para a violência. “Em agosto perdemos o guarda Barroso, que morreu atropelado na esquina da rua Antônio Baena com a avenida Almirante Barroso. Ele estava em exercício e teve uma morte muito violenta também”, lembrou a comandante.
Helen Margarete contou ainda que há cinco anos Francisco levou três tiros no mesmo local de sua morte. “Essa é uma coincidência muito triste. Ele estava com a mesma equipe, foi socorrido pelos mesmos bombeiros e até quem foi na casa dele dar a notícia do fato, foi o mesmo guarda”, contou.
O enterro de Francisco acontece hoje às 10h da manhã no cemitério Parque das Palmeiras, em Marituba. Logo no começo da tarde, após mais de doze horas de diligência conjunta entre Polícia Militar, Rotam e Rondac foi preso Robson Jonny Santos de Almeida, o “Peneu”, que segundo segundo testemunhas estava junto com os outros três homens que participaram do assalto. Ele foi autuado pelo delegado Maury Mascotte Marques, por crimes de roubo seguido de morte. (Diário do Pará)
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