Diga não ao PLP 205!
Numa
democracia, cabe ao Estado atender aos legítimos direitos dos cidadãos,
por meio de governantes eleitos pelo voto popular. Todavia, não basta
que o Estado seja democrático, sendo essencial que ele atue de acordo
com as leis, a exemplo do que
Advocacia-Geral da União (AGU).
Segundo a
Constituição brasileira, cabe à AGU representar judicial e
extrajudicialmente os Poderes da República. Sempre que alguma pessoa
(física ou jurídica) ingressa com ação contra a União Federal, quem a
defende são os Advogados da União.
Além dessas
atribuições, os Advogados da União prestam consultoria e assessoramento
jurídicos ao Poder Executivo Federal. Ou seja, quando as políticas
públicas estão sendo formuladas, em áreas como saúde, educação,
segurança pública, defesa nacional, moradia e previdência social, são os
Advogados da União os responsáveis por garantir sua regularidade
jurídica. Isso permite que a sociedade brasileira seja melhor atendida,
por meio de políticas não apenas eficientes, mas também de acordo com as
leis do País.
Contudo, toda
a atuação dos Advogados da União e demais membros da AGU está correndo
um sério risco. Isto porque o Poder Executivo encaminhou ao Congresso
Nacional o Projeto de Lei Complementar nº 205/2012, sem ter havido uma
prévia discussão com a sociedade civil.
Por expressa
disposição constitucional, nós membros da AGU devemos ser aprovados em
concurso público de provas e títulos, sendo um processo seletivo
rigoroso, que garante a eficiência nos serviços jurídicos. Ocorre que,
de acordo com o PLP nº 205/2012, a AGU passaria a ter advogados
não-concursados, nomeados por critérios político-partidários.
Desta forma, o
PLP 205/2012 é prejudicial não apenas para a carreira de Advogado da
União, mas também para toda a sociedade brasileira. Afinal, a quem os
cidadãos devem confiar o controle de legalidade das políticas públicas?
Quem deve garantir que contratos públicos bilionários estejam de acordo
com as leis? Quem deve representar a União judicialmente, em causas que
envolvem bilhões de reais?
Mais: será
que essas relevantes funções, essenciais para o Estado brasileiro e com
forte perfil técnico, devem ser atribuídas a pessoas não-concursadas?
Ou, por outro lado, essas atividades devem exercidas por Advogados da
União aprovados em rigoroso concurso público, conforme determina a
Constituição Federal?
A sociedade
brasileira merece que seus recursos sejam bem aplicados, de forma
técnica e sem corrupção. Para que isso ocorra, a AGU deve contar com
profissionais qualificados, que tenham independência e comprovada
experiência jurídica. Certamente, não é admitindo nomeações
político-partidárias que a AGU atingirá seus objetivos institucionais.
Portanto,
defendemos que o Poder Executivo retire o PLP 205/2012 do Congresso
Nacional, para que seja melhor discutido com as carreiras envolvidas.
Somente assim a AGU atuará de forma eficiente e independente, defendendo
os interesses dos cidadãos brasileiros.
Rommel Macedo
Presidente da Associação Nacional dos Advogados da União (ANAUNI)
Presidente da Associação Nacional dos Advogados da União (ANAUNI)
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