terça-feira, 6 de agosto de 2013

Diga não ao PLP 205!

Diga não ao PLP 205!


Numa democracia, cabe ao Estado atender aos legítimos direitos dos cidadãos, por meio de governantes eleitos pelo voto popular. Todavia, não basta que o Estado seja democrático, sendo essencial que ele atue de acordo com as leis, a exemplo do que Advocacia-Geral da União (AGU).


Segundo a Constituição brasileira, cabe à AGU representar judicial e extrajudicialmente os Poderes da República. Sempre que alguma pessoa (física ou jurídica) ingressa com ação contra a União Federal, quem a defende são os Advogados da União.

Além dessas atribuições, os Advogados da União prestam consultoria e assessoramento jurídicos ao Poder Executivo Federal. Ou seja, quando as políticas públicas estão sendo formuladas, em áreas como saúde, educação, segurança pública, defesa nacional, moradia e previdência social, são os Advogados da União os responsáveis por garantir sua regularidade jurídica. Isso permite que a sociedade brasileira seja melhor atendida, por meio de políticas não apenas eficientes, mas também de acordo com as leis do País.

Contudo, toda a atuação dos Advogados da União e demais membros da AGU está correndo um sério risco. Isto porque o Poder Executivo encaminhou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei Complementar nº 205/2012, sem ter havido uma prévia discussão com a sociedade civil.

Por expressa disposição constitucional, nós membros da AGU devemos ser aprovados em concurso público de provas e títulos, sendo um processo seletivo rigoroso, que garante a eficiência nos serviços jurídicos. Ocorre que, de acordo com o PLP nº 205/2012, a AGU passaria a ter advogados não-concursados, nomeados por critérios político-partidários.

Desta forma, o PLP 205/2012 é prejudicial não apenas para a carreira de Advogado da União, mas também para toda a sociedade brasileira. Afinal, a quem os cidadãos devem confiar o controle de legalidade das políticas públicas? Quem deve garantir que contratos públicos bilionários estejam de acordo com as leis? Quem deve representar a União judicialmente, em causas que envolvem bilhões de reais?

Mais: será que essas relevantes funções, essenciais para o Estado brasileiro e com forte perfil técnico, devem ser atribuídas a pessoas não-concursadas? Ou, por outro lado, essas atividades devem exercidas por Advogados da União aprovados em rigoroso concurso público, conforme determina a Constituição Federal?

A sociedade brasileira merece que seus recursos sejam bem aplicados, de forma técnica e sem corrupção. Para que isso ocorra, a AGU deve contar com profissionais qualificados, que tenham independência e comprovada experiência jurídica. Certamente, não é admitindo nomeações político-partidárias que a AGU atingirá seus objetivos institucionais.

Portanto, defendemos que o Poder Executivo retire o PLP 205/2012 do Congresso Nacional, para que seja melhor discutido com as carreiras envolvidas. Somente assim a AGU atuará de forma eficiente e independente, defendendo os interesses dos cidadãos brasileiros.

Rommel Macedo
Presidente da Associação Nacional dos Advogados da União (ANAUNI)


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